Reajuste dos servidores uma conquista da luta sindical e da resistência coletiva


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Foram meses de resistência, articulação e pressão constante sobre o governo federal. A aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 10 de abril, não é apenas um ato administrativo: é o reflexo direto da mobilização das entidades sindicais que, espalhadas pelos quatro cantos do Brasil, mantiveram acesa a chama da luta por justiça e dignidade para os servidores públicos federais.

Enquanto muitos dormiam, sindicalistas percorriam corredores do Congresso Nacional, ocupavam praças, realizavam audiências, panfletagens, assembleias e incontáveis reuniões. O que está garantido hoje no orçamento federal é fruto de suor, lágrimas, mobilização e consciência de classe.

O reajuste salarial previsto na LOA de 2025, ainda que insuficiente para repor todas as perdas históricas, representa um passo importante na reconstrução do serviço público e na valorização de seus trabalhadores. Após anos de arrocho, congelamentos e tentativas de desmonte, o reconhecimento do direito a uma remuneração mais justa é símbolo de resistência — e, acima de tudo, de vitória política.

Segundo dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os servidores públicos federais acumularam uma perda de poder de compra de cerca de 38,5% entre 2016 e 2023, considerando os índices inflacionários e a ausência de reajustes na maior parte desse período. Somente entre 2019 e 2022, não houve qualquer recomposição salarial, enquanto a inflação corroía silenciosamente os salários da categoria. Em paralelo, o custo de vida aumentava, os alimentos disparavam, os aluguéis pressionavam e os servidores viam seus rendimentos defasarem mês após mês.

Apesar disso, o funcionalismo não recuou. Pelo contrário: organizou-se, marchou, gritou e exigiu. Em 2024, durante as discussões da PLOA, o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) esteve presente em todas as mesas de negociação, nas ruas de Brasília, e nas articulações com parlamentares, denunciando o descaso e exigindo o que é de direito.

A pressão resultou na reserva de recursos no orçamento e, com a sanção presidencial, finalmente se concretiza a inclusão do reajuste na folha de abril, com pagamento previsto para o início de maio. O avanço contempla servidores ativos, aposentados, pensionistas e ocupantes de funções comissionadas — ainda que os índices estejam aquém da real necessidade, é um reconhecimento da legitimidade da pauta.

Para Luiz Eustáquio, coordenador-geral do Sindsprev-PE, “toda vitória sindical é, acima de tudo, também uma vitória política. Ela mostra que, unidos, somos capazes de influenciar o rumo das decisões públicas e reafirmar o papel do Estado enquanto garantidor de direitos”.

O dirigente lembra ainda que a luta não se encerra com a sanção da LOA. Pelo contrário: é preciso avançar na construção de uma política permanente de valorização do serviço público, que vá além dos reajustes pontuais. “Temos que garantir plano de carreira, condições de trabalho dignas, concursos públicos e o fim das terceirizações precárias”, reforça Eustáquio.

Nesse sentido, o Sindsprev-PE conclama sua base a manter-se atenta e mobilizada. As conquistas só existem porque existe luta. E a luta só é possível porque há consciência e organização.

Hoje, ao olharmos para trás e vermos a trajetória percorrida até aqui, não há espaço para dúvidas: foi a força do movimento sindical que empurrou as portas do orçamento público e cravou ali, com firmeza, a palavra “reajuste”. E que essa seja apenas mais uma etapa na longa jornada por um Estado justo, democrático e voltado para o bem comum.

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